dia-de-campo-conquistaVitória da Conquista, localizada na região Sudoeste da Bahia, foi a quarta e última cidade a receber o primeiro módulo do Dia de Campo do Programa Mais Árvores Bahia. Realizado em 17 de julho de 2015, o evento foi realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com a Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF) e teve como objetivo incentivar o produtor rural a investir na silvicultura, no plantio e manejo de florestas comerciais para usos múltiplos, com tecnologia aplicada, nas principais regiões com aptidão florestal do país.

Para Wagner Correia, presidente da Associação de Silvicultores do Sudoeste da Bahia (Assosil), parceira local do Dia de Campo, a partir deste evento, Conquista pode se destacar na produção de madeira. “Hoje temos apenas 30 mil hectares utilizados para silvicultura na região, oriundos de pastagens degradadas. Ainda temos um potencial de 300 mil hectares para ser explorado. Sabemos que o extremo sul da Bahia tem o melhor índice de produtividade do mundo. Vamos buscar esses números também, claro que com essa consultoria, com a capacitação que estamos recebendo através deste programa”.

O tema do evento despertou o interesse dos 170 participantes inscritos, dentre eles: produtores rurais, profissionais e estudantes das áreas de Engenharia Florestal e Agronomia, além de empresários buscando uma boa oportunidade de diversificar os negócios. Este foi o caso Eugênio Barreto, empresário dos setores educacional, imobiliário, hoteleiro e pecuário, que veio de Salvador exclusivamente para participar do Dia de Campo em Conquista. Com visão empreendedora, o empresário soteropolitano pretende ingressar também na área florestal, pois acredita que o cultivo de florestas para fins comerciais é uma tendência, é mais uma alternativa para produtores que pretendem diversificar as atividades rurais.

“O Brasil é um país eminentemente agrícola, e essa é a nossa maior expertise. Onde tenho fazenda, no Norte de Minas, não existe referencial dos meus vizinhos [no cultivo de florestas], até porque, a cultura lá é de pecuária. Minha ideia é também provocar para que esse potencial seja explorado. Estou achando o Dia de Campo excelente. A dinâmica de aprender com experiências e com visões diferenciadas, como as da questão da madeira para o setor moveleiro e industrial. É o que eu pretendo fazer”, declarou.

Escolhida para sediar o Dia de Campo, a Fazenda Santana, localizada na BR-116, entre as cidades de Planalto e Conquista, é considerada uma propriedade modelo para o cultivo de florestas para fins comerciais. No total são 800 hectares, onde 560 hectares são utilizados para o plantio de 600 mil pés de eucalipto. A madeira produzida é comercializada na própria região, como explica Raimundo Rocha Neto, proprietário da fazenda. “Em nossa região, temos serrarias que atendem ao setor de móveis e temos a parte de energia, principalmente, para lenha, para cerâmicas, e casas de farinha. Além da questão da logística, todo o dimensionamento da região é favorável ao plantio de árvores”.

Prestigiando o evento, o vereador de Conquista, Arlindo Rebouças, ressalta que os mitos que rondam o eucalipto são empecilhos para o desenvolvimento e que os participantes presentes são pessoas com visão de oportunidade. “As crendices propagadas sobre o eucalipto, sem nenhum estudo, sem nenhuma comprovação, atrapalham a produção desta madeira. E aqui vemos que temos energia renovável, com produção rápida. Que este projeto se estenda, inclusive para comunidades, pois, Vitória da Conquista tem uma área rural muito grande. O importante é diversificar com tecnologia”, ressalta o vereador.

Um dos pioneiros na defesa e propagação da silvicultura na região, o professor do curso de Agronomia da UESB e presidente da Associação de Reposição Florestal do Sudoeste (Aflore), Miro Conceição, conta que os produtores já estão percebendo a realidade desta cultura. “Quando começamos a trabalhar incentivando o cultivo de eucalipto e outras espécies exóticas aqui na região, era mais fácil mudar uma pessoa de religião ou de time de futebol do que convencê-la a plantar eucalipto. Mas hoje, as pessoas já começam ver que as áreas estão produzindo há 15 anos e a terra continua produtiva. Um evento como o Dia de Campo tem a possibilidade de ser um novo dinamizador da silvicultura regional, e é um importante momento para divulgar e desmistificar, ou seja, mostrar ao produtor o que é a realidade da cultura”, afirma.

O professor também ressalta sobre a oportunidade para os profissionais de Agronomia e Engenharia Florestal, caso se especializem na área de silvicultura. “Hoje podemos ver que o cultivo de árvores é muito interessante, movimenta menos o solo e tem ainda a possibilidade de rentabilidade a médio e longo prazos, dando mais sustentabilidade a propriedade rural. Então, o profissional que enxerga isso, vê a oportunidade de prestar consultoria aos produtores, algo que não era pensado como alternativa para a região. Ele passa a ver que é possível consociar com a pecuária, com o café, com frutíferas. Ele passa a entender que ele tem aqui mais uma alternativa para permitir a rentabilidade, o sucesso do agricultor”, avalia o professor.

O formando do curso de Engenharia Florestas da UESB e integrante da Empresa Junior Conflore, Pedro Henrique Cândido, concorda com o professor. Para ele, o Programa mais Árvores é importante para movimentar a cadeia produtiva da silvicultura na região, o que beneficia diretamente os profissionais de engenharia florestal e agrônoma. “Com certeza é uma oportunidade de trabalho para os engenheiros e de trazer mais especialistas para região proporcionando o desenvolvimento de uma forma geral”.

O produtor Eugênio Barreto esteve no evento para aprofundar os conhecimentos. “Tenho fazenda no Norte de Minas, e é uma região muito similar a esta. Eu vim buscar conhecimento [por esta ser uma atividade nova naquela região] e aprimorar um projeto que já estou desenvolvendo, mas ainda não implantei”.