wilson“O setor florestal na Bahia e no Brasil” foi o tema que o diretor executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF), Wilson Andrade, apresentou em 05/11, durante o workshop setorial sobre o agronegócio no III Fórum de Oportunidades e Investimentos na Bahia. O fórum é uma iniciativa da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) e do Grupo de Líderes Empresariais da Bahia (LIDE BAHIA) junto ao setor empresarial baiano.

Este foi um dos painéis do evento – que aconteceu durante todo o dia no auditório da Fieb (Stiep) – e que tem por objetivo proporcionar um ambiente favorável para atração de novos investimentos na Bahia, reunindo os principais agentes econômicos do País e apresentando os vetores dinâmicos da economia do estado. Andrade, que também é presidente do Conselho de Comercio Exterior e Relações Internacionais da Associação Comercial da Bahia (Comex-ACB), participou ainda do debate no Painel II: Relações Internacionais e Comércio Exterior.

“Faz parte da nossa missão apoiar os investimentos e mostrar às empresas os vetores prováveis de crescimento para a Bahia”, disse o diretor da FIEB, Eduardo Gordilho, na abertura do evento. O coordenador do Conselho de Economia e Desenvolvimento Industrial (CEDIN) da Federação, Antonio Sergio Alipio ressaltou que, o Fórum tem como objetivo fomentar o ambiente de negócios e projetos, uma ação importante neste momento de desafios para o setor produtivo.

De acordo com o empresário Mário Dantas, presidente do Lide Bahia, “é hora de enfrentarmos os medos com coragem sem esperarmos soluções do governo. O DNA do Fórum nasceu da iniciativa privada e é deste grupo de empreendedores que também podem vir as soluções”, pontuou.

“O momento é de dificuldades e a economia tem perspectiva de ficar mais dois anos sem crescimento efetivo. É importante que os setores menos afetados sejam destacados como oportunidade de investimento e que possam ajudar a Bahia a retomar o seu crescimento. Dentre esses setores, nós temos o agronegócio como um todo, a mineração, o setor de energias renováveis – e aqui incluímos a eólica, a solar e a de biomassa – e, com especial destaque o setor florestal que mantém números bastantes expressivos. O setor florestal tem destaque, inclusive porque recebe a alavancagem dos demais setores. Se o setor da construção civil, da mineração, das energias e do papel e celulose, por exemplo, crescem, ajudam o crescimento do setor florestal porque vem deste sua matéria-prima”, declarou Wilson Andrade.

O setor florestal na Bahia

A Bahia destaca-se pela produção de celulose, celulose solúvel, papel, ferro liga, madeira tratada, carvão vegetal e lenha para o processamento de grãos. Estima-se que existam 95 empresas de processamento de madeira. O saldo entre produção e consumo indica que para alguns produtos, a exemplo de móveis, peças e partes de madeira e painéis, existem oportunidades de investimento na Bahia, já que parte do consumo é suprido por empresas de fora do estado.

Em 2014, o PIB do setor florestal baiano atingiu R$ 9,02 bilhões, apresentando um crescimento de 6,5% comparado ao ano anterior. Com isso, o PIB do setor florestal baiano representou 5,4% do PIB da Bahia. Os tributos arrecadados (municipal, estadual e federal) totalizaram R$ 1,25 bilhão, o que representou 5,3% da arrecadação do total do estado da Bahia.

As exportações do setor de base florestal baiano totalizaram US$ 1,67 bilhão em 2014, o que representou 15% das exportações do setor florestal brasileiro. Nesse contexto, os produtos da indústria de base florestal representaram 18% da pauta de exportações do estado, sendo que celulose e celulose solúvel responderam pela maior parte dessas exportações (90%). Os produtos de base florestal ocuparam, em 2014, o primeiro lugar, seguidos pela indústria química e petroquímica – tradicionalmente líderes nas exportações baianas.

A balança comercial do setor florestal baiano registrou superávit de US$ 1,64 bilhão, representando 17,9% do saldo da balança comercial do setor florestal brasileiro, enquanto o saldo da balança comercial da Bahia, em 2014, totalizou US$ 28 milhões. Isso demonstra a importância do setor florestal para o superávit comercial no estado.

Estima-se que o número de empregos mantidos pelo segmento florestal baiano seja de 323 mil, sendo 40 mil empregos diretos, 101 mil indiretos e 182 mil resultantes do efeito-renda. Além disso, em 2014, o investimento em programas socioambientais da indústria de base florestal, junto às comunidades da Bahia foi de aproximadamente R$ 9,6 milhões. Deste montante, 46% foram direcionados para o desenvolvimento econômico e 21% para o meio ambiente, os 33% restantes foram destinados para programas de educação e treinamento, sociocultural, saúde e outros.

Analisando a evolução do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nota-se que os municípios com operações florestais obtiveram melhoras significativas nos fatores utilizados para o cálculo do índice: educação, longevidade e renda. Entre os anos de 1991 e 2010 o crescimento do IDH dos municípios florestais foi de 84%, enquanto, o crescimento dos municípios não florestais foi de apenas 63%.

Em área de plantio florestal, o ano de 2014 também nos trouxe crescimento na Bahia: totalizou 671 mil hectares, apresentando um crescimento de 6,3% em relação a 2013. Esse total corresponde a apenas 1,2% do território baiano – com destaque para o Sul, Sudoeste, Oeste e Litoral Norte – e ocupou o quinto lugar no ranking de principais estados produtores de florestas no Brasil, representando 8,7% da área plantada total do país.

Esta área deve crescer nos próximos anos tendo em vista ainda que a produtividade dos plantios de eucalipto da Bahia é a maior no mundo, principalmente pelas condições edafoclimáticas regionais e pela tecnologia de ponta empregada na cultura. Em 2014, a produtividade média dos plantios baianos de eucalipto atingiu 42 m³/ha/ano, superior à média brasileira e à média de outros importantes países produtores de florestas.

Em 2014, a Bahia contou com 549 mil hectares de plantios certificados, o que representou 82% do total plantado no estado. Com isso, a Bahia é o estado que possui a maior razão entre área certificada e área plantada no Brasil. Os outros estados certificaram, em média, 60% dos plantios florestais.

Os benefícios ambientais proporcionados pela indústria da árvore plantada também são expressivos em outros números. A indústria de base florestal da Bahia contribuiu para a proteção de cerca de 473 mil hectares na forma de Reserva Legal (RL), Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). As empresas florestais também foram responsáveis pela preservação voluntária de 80 mil hectares, o que representou 17% da área preservada no estado.