Por Juliano Ferreira Dias*

Comum nas indústrias de celulose e papel como uma técnica que alterna os cultivos de eucalipto com áreas de mata nativa, o conceito de mosaico florestal é emblemático no modelo de manejo adotado pelo setor no país. Ele expressa a realização de uma atividade econômica ambientalmente viável por permitir a manutenção de múltiplas formas de vida silvestre coexistindo num mesmo ambiente. Desta forma, promove o equilíbrio dos ecossistemas, garantindo os serviços ambientais e preservando o habitat de populações silvestres da fauna e flora.

Mas, o que são mosaicos florestais? São plantios de eucalipto implantados entre corredores de vegetação nativa. Quer dizer: os plantios são feitos somente onde não há mais mata nativa. Onde há mata, ela fica preservada, mantendo características ideais para a conservação e reprodução das espécies vegetais e animais ali existentes. Por esta razão, estas áreas, quando vistas do alto, têm um aspecto bem peculiar que fazem lembrar recortes. Daí, o nome mosaico.

Desenvolvidos em ambientes equilibrados, sem concorrer com a cobertura vegetal nativa em suas demandas por nutrientes ou água, os plantios de eucalipto, inclusive, garantem a preservação dos remanescentes florestais. Eles são fontes alternativas de madeira para atender às demandas da sociedade por produtos de origem florestal. A madeira do eucalipto, por exemplo, é matéria-prima para produção de celulose, utilizada na produção de diversos produtos como papéis, embalagens e uma infinidade de aplicações nas indústrias têxtil (viscose), alimentícia, farmacêutica e cosmetológica, dentre outras.

É importante lembrar ainda que as empresas de base florestal brasileiras não desmatam para efetuar os plantios, restringindo o manejo florestal nas áreas rurais consolidadas e destinam grande volume de recursos financeiros e materiais à restauração florestal e preservação das áreas, contribuindo para atrair animais silvestres que, por sua vez, exercem decisivo papel na propagação das espécies vegetais.

Por conhecer de perto a atividade, como engenheiro florestal e gerente de meio ambiente, certificações e fomento florestal da Bracell BA, sinto-me à vontade para afirmar que, para produzir eucalipto é preciso cuidar muito bem do solo, da água, do ar, da vegetação nativa e da fauna. Sem o equilíbrio na relação entre todos estes componentes naturais, qualquer atividade que dependa tão diretamente dos recursos naturais está fadada ao fracasso. E os resultados mostram: a atividade florestal na Bahia e no Brasil é, além de um grande sucesso, uma referência para todo o mundo.

Portanto, cultivar eucaliptos do modo sustentável é seguro e traz benefícios. Inclusive porque é a manutenção dos plantios que assegura a existência das indústrias do setor, tão importantes para a movimentação da economia e por oferecerem contrapartidas sociais da maior relevância, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de milhares de pessoas nas comunidades vizinhas.

Este é mais amplo conceito de mosaico florestal: uma técnica de produção sustentável que concilia oportunidades de negócio com preservação ambiental e benefícios socioeconômicos.

* Juliano Ferreira Dias é gerente de meio ambiente, certificações e fomento florestal da Bracell.